quarta-feira, 23 de abril de 2025

A Vida Intelectual - A. D. Sertillanges

 


A Vida Intelectual: Seu espírito, suas condições, seus métodos

Por A. D. Sertillanges

CAP. 1 – A VOCAÇÃO INTELECTUAL

. Ser um Intelectual é desenvolver uma ação sagrada;

·       Consagrado à Verdade (Sacerdócio);

. “É preciso entregar-se de todo o coração para que a verdade se entregue. A verdade só está a serviço de seus escravos.”

·       É necessário deixar as vaidades (o propósito da vida de estudos deve ser desinteressado);

CAP. 2 – AS VIRTUDES DE UM INTELECTUAL CRISTÃO

. As qualidades do caráter devem guiar o intelecto;

·       Sem as virtudes, o sentido das grandes verdades são deturpadas pelos vícios que deformam a maneira como compreendemos a realidade.

CAP. 3 – A ORGANIZAÇÃO DA VIDA

. Simplificar: “Reduzam suas atividades sociais: (...) todo o complicado ritual de uma vida artificial.”

“Cultivar os relacionamentos necessários.”

. "Sem as virtudes o sentido das grandes verdades sofre consequências nefastas dos vícios que deformam a maneira como enxergamos a realidade."

. Conservar a solidão: “Quero que sejas lento para falar e lento para dirigir-te ao parlatório.” (Sto. Tomás de Aquino);

“O retiro é o laboratório do espírito.”

. Os momentos de solidão devem preparar-nos para a ação: “A ideia, em nós, quando privada de seus elementos tirados da experiência, de seus fantasmas, não é senão um conceito vazio, que nem se percebe mais.”

“O pensamento se apoia nos fatos como o pé sobre o solo.”

“Um intelectual deve ser intelectual o tempo todo.”

CAP. 4 – O TEMPO DO TRABALHO

. O estudo como “ORAÇÂO À VERDADE”;

·       É preciso orar em todo momento equivale, pois, a dizer: em todo momento é preciso desejar as coisas eternas.”

·       ORAÇÃO como expressão de um desejo [das coisas eternas] - O desejo deve ser constante;

“As ideias estão nos fatos, elas estão também nas conversas, nos acasos, nos espetáculos, nas visitas e perambulações, nas leituras mais corriqueiras.”

·       É preciso estar presente no que se vive para identificar os “instantes de plenitude” (Picos de nossa vida intelectual);

CAP. 5 – O CAMPO DO TRABALHO

. “Quando se acessa o centro das ideias, tudo fica mais fácil, e qual o melhor meio de ter acesso ao centro senão testando diferentes vias...”

. Sobre a ABSTRAÇÃO: “Abstrair não é mentir, mas com a condição de que a abstração que distingue, que isola metodicamente, que concentra sua luz num dado ponto, não vá separar do que ela estuda o que lhe está mais ou menos diretamente relacionado. Cortar as comunicações de seu objeto é falseá-lo, pois suas conexões fazem parte dele.”

. Evitar a ESPECIALIDADE (especializações científicas);

·       “Toda ciência, cultivada em separado, não só não se basta a si mesma, mas apresenta perigos que todos os homens sensatos reconheceram.”

. HIERARQUIA DO CONHECIMENTO:

·       “As ciências, sema filosofia, se descoroam e se desorientam.”

·       (Atualmente) a Teologia está sendo ignorada, a filosofia é estéril, ela não tem voz ativa em nada.”


. “A Teologia, dizia o padre Gratry, veio inserir na árvore da ciência um enxerto divino.”

·       Restituir o sentido da existência que leva até o princípio primeiro: DEUS.

. É de fundamental importância ter uma ideia que unifique seus estudos: o autor indica o TOMISMO como sendo soberana enquanto fio condutor das ciências.

“O tomismo é uma síntese. Não é, por esse motivo, uma ciência completa; mas a ciência completa pode apoiar-se nele como num poder de coordenação e de sobre-elevação quase milagroso.”

. A Especialidade só faz sentido após acurado processo de compreender tudo.

Em outras palavras, é preciso compreender tudo, mas com o objetivo de conseguir fazer alguma coisa.”

CAP. 6 – O ESPÍRITO DO TRABALHO

. O intelectual deve estar atento ao “espírito do verdadeiro”;

. Ativar o FERVOR; Evitar a indolência: “Tu, ó Deus, Tu vendes todos os bens aos homens pelo preço do esforço”, escrevia Leonardo Da Vinci Em suas anotações.

. A concentração deve ser o pleno entregar-se ao trabalho (estudo);

·       Conferir profundidade à análise de uma ideia;

“Conduzir adequadamente suas investigações e centralizar adequadamente seus trabalhos, nisso consistiu toda a arte dos grandes;”

. Cultivar a humildade perante a verdade (razão de ser do Intelectual): “a humildade é o olho que lê no livro da vida e no livro do universo.”

“Uma vasta cultura, ao se instalar no espírito, cria nele novos pontos de partida e aumenta sua capacidade; porém, sem a humildade, essa atração exercida sobre o exterior se tornará por sua vez uma fonte de mentiras.”

“Cedendo diante do verdadeiro e verbalizando-o para nós mesmos da melhor maneira possível, mas sem cometer alteração criminosa, prestamos um culto ao qual o Deus interior e o Deus universal responderão revelando sua unidade e estabelecendo uma ligação com nossa alma. Nisso como em tudo, é a vontade pessoal que é a inimiga de Deus.”

·       O problema da Ciência Moderna: “Isolo uma peça de um mecanismo para vê-la melhor; mas, enquanto eu a seguro e meus olhos a observam, meu pensamento deve mantê-la em seu lugar, acompanhar seu desempenho no conjunto todo, do contrário estou alterando a verdade tanto no todo que ficou incompleto quanto na engrenagem que se tornou incompreensível.”

. Devemos preservar o senso de mistério: “Os que pensam tudo compreender só com isso já provam que não compreenderam nada.”

“Santo Tomás, no fim da vida, tomado pelo sentimento do mistério de tudo, respondia ao frei Réginald, que o incitava a escrever: “Réginald, não me é mais possível: tudo o que escrevi não me parece nada mais do que palha”.


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