domingo, 27 de abril de 2025

Um Impressionante Modo de Oração

 


O Senhor do Mundo

Robert Hugh Benson

Padre Percy Franklin começou, como era seu costume em oração mental, por um ato calculado de auto exclusão do mundo dos sentidos. Com a imagem de um mergulho sob uma superfície, ele se esforçava a ir abaixo e para dentro, até que o forte som do órgão, o barulho dos passos, a rigidez do espaldar do banco sob seus pulsos - até que tudo lhe parecesse à parte e externo, e ele fosse uma simples pessoa com o seu coração a bater, um intelecto que sugeria imagens após imagens, e emoções que eram demasiado apáticas para se agitarem.

Em seguida fez a sua segunda descida, renunciou a tudo que possuía e era e fez-se consciente de que até o corpo fora deixado para trás, e que sua mente e seu coração, aterrorizados pela presença nos quais encontravam a si próprios, agarravam-se rente e obedientes à vontade que era seu Senhor e Protetor. Daí outro longo suspiro como sentisse a presença atirar-se sobre ele; repetiu algumas palavras mecânicas e mergulhou naquela paz que se segue à renúncia do pensamento.

Ele agora estava dentro do véu das coisas, além das barreiras dos sentidos e da reflexão, naquele lugar secreto cujo caminho ele havia aprendido com um esforço sem fim, naquela estranha região onde as realidades são evidentes, aonde as percepções vão e vêm com a rapidez da luz, onde a verdade é conhecida e tocada e provada, onde o Deus Imanente é um só com o Deus Transcendente, onde o sentido do mundo externo é evidente desde sua face interna e a Igreja e seus mistérios são vistos desde dentro de uma bruma de glória.

Em seguida esperou por respostas, e elas vieram tão suaves e delicadas, passando como sombras, de modo que sua vontade suou sangue e lágrimas no esforço de apanhá-las e determina-las e de com elas se harmonizar.

(Trecho retirado da nova edição da Editora Sétimo Selo)

 


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